Tendências para o mercado de vinhos em 2023
Perguntamos a 5 profissionais do mercado de vinhos, quais tendências eles acham que vai bombar no setor para 2023. Confira as respostas nesse texto.
“Acredito que a maior tendência no mercado de vinhos serão as experiências envolvendo vinhos. Viagens, degustações, harmonizações, eventos. Me parece que a compra simplesmente para consumo apenas perdeu um pouco do sentido pós pandemia. Agora o consumo precisa vir atrelado a algo além do produto em si.”
Vinícius Santiago – Head Sommelier da Evino e Diretor de degustação da ABS-RS
“Vi essa tendência se tornando realidade no Vale do São Francisco, onde esses vinhos locais finos, frescos, de baixo teor alcoólico, suaves e de preço baixo (cerca de R$ 25) têm sido um sucesso desde 2020. No começo apenas uma das empresas da região produzia vinhos nesse estilo, agora quase todas têm sua versão e registram boas vendas. É uma boa alternativa à cerveja e acredito ser uma questão de tempo até o restante do Brasil descobrir o prazer de tomar uma garrafa ou até mesmo uma latinha dessa bebida descontraída e acessível, tanto no sabor quanto no preço. ”
Paula Theotonio – Jornalista e Sommelière
“Covid-19 ainda é uma realidade, mas os lockdowns e as incertezas ficaram para trás. Podemos já dizer que o “normal” voltou ao normal, mas qual é esse novo normal que vivemos ou que iremos viver? No mundo do vinho, a resiliência e a capacidade de adaptação é uma constante tanto nos ciclos das videiras como nos ciclos dos negócios.
A aceleração da transformação digital com a ascensão de novas possibilidades de compra, busca por estilos de vinhos mais “saudáveis” como low/zero álcool e low-calories são mudanças que vieram com a pandemia para ficar. Além disso, a curiosidade por produtos de nicho (vinhos naturais, uvas autóctones e vinhos de baixa intervenção) só tende a crescer com o consumidor sendo o centro da experiência e buscando cada vez mais autenticidade e produtos mais exclusivos. Agora, o que nunca deixará de ser tendência será a busca pelos clássicos: Borgonha, Bordeaux e Champagne. Afinal, clássico é clássico e sempre será tendência para mim e para muitos.”
José Ferrazzo – Diretor Comercial da Portus Cale e Professor da EnoCultura
“Entre as possibilidades para o vinho em 2023, mesmo na vastidão que esse universo oferece, destacaria duas ou três tendências que se evidenciaram tanto na interação com importadores, varejistas e público consumidor:
A primeira delas é a relação com o consumidor jovem, sua conquista ou manutenção. E aí falamos de tudo que pode atrair essa fatia de mercado: rótulos, design e comunicação descolada, frescor e facilidade no conteúdo e praticidade na embalagem.
A meu ver, também seguirá expressivo o interesse pelo segmento dos vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos, muitas vezes precedendo ao próprio interesse do consumidor sobre outros aspectos do estilo (casta, corte, região de origem, etc).
Um terceiro aspecto que me chama a atenção é a difusão crescente da conscientização para a moderação do consumo do álcool, que logicamente atinge os vinhos. E a apreciação que dialoga com a saúde tem a favorecer o vinho como escolha de bebida.”
“Acredito que a tendência será observar o que sommeliers estão propondo no serviço para além do vinho. Podemos estabelecer diversas conexões através de bebidas. Por exemplo, perceba como os termos terroir, fermentação natural, textura e corpo também são usados em apresentações de outras bebidas como espumantes de frutas nativas, saquês, sidras, cervejas de fermentação natural, etc. Até sobre o processo de maceração carbônica é possível ouvir enquanto te servem café. Então, se proponha a conhecer, pergunte e faça conexões para ampliar seu repertório.”