Enoturismo no Porto Dicas

Enoturismo no Porto: dicas incontornáveis ou pouco ortodoxas

Já faz tempo que venho falando de interpretações, abordagens e filosofias em torno do turismo de vinhos, mas este texto inaugura uma série de recomendações de formas possíveis de vivenciar uma destinação de enoturismo. Uma destinação pode ser uma região toda, uma aldeia singela, os arredores de uma cidade ou a própria cidade. Os pontos de interesse podem ir de um complexo de vários museus sobre temas correlatos a um pequeno centro interpretativo, podem passar por uma rota de vinhos ou por uma rota de bares, podem incluir um rio a ser percorrido de barco ou uma estrada pra palmilhar a pé.

Vamos acolher essa diversidade e, pra começar, falo daqui de casa. Falo do Porto.

Em Gaia encontram-se as famosas caves do Vinho do Porto, e as marcas (shippers) como Calem, Sandeman, Offley e Kopke.

O Porto Portugal

Qual é a história?

O Porto, no norte de Portugal e à beira do Oceano Atlântico, é uma das duas cidades onde o rio Douro deságua depois de percorrer 900 km desde o centro-norte da Espanha. O Vale do Douro, região montanhosa coberta de vinhedos para Vinhos do Porto e vinhos tranquilos (não fortificados), é por si só uma destinação enoturística, mas deixo pra falar dela em outra ocasião. O que é importante saber é que esse vale vinhateiro tem uma relação de longa data com o Porto – ou, melhor dizendo, com Vila Nova de Gaia, logo ali do outro lado do rio.

Acontece que as condições climáticas no Vale do Douro são ideais para que as uvas destinadas a Vinho do Porto cresçam e sejam vinificadas, mas não para que o vinho, uma vez pronto, envelheça. Por isso, os barris (pipas) de vinho jovem eram levados de barco a grandes armazéns em Vila Nova de Gaia, onde a influência marítima modera as temperaturas e garante a umidade ideal para a guarda.

Por que, então, Vinho do Porto e não Vinho de Gaia?

A cidade do Porto, embora não seja o local de elaboração nem de envelhecimento do Vinho do Porto, foi desde sempre o hub comercial da zona, onde se fechavam negócios com mercados importantes, como Inglaterra e as colônias ao redor do mundo. Por isso emprestou-lhe o nome.

Porto

Porto Portugal vista aérea

ENOTURISMO NO PORTO – DICA 1

Quem vem beber vinho no Porto vai beber Vinho do Porto. E recomendo que o faça em ao menos uma das caves tradicionais de Gaia, que estão muito bem preparadas com experiências de diferentes valores, níveis de aprendizado e número de vinhos à prova. Pra citar alguns nomes: Porto Cruz, Taylor’s, Niepoort, Cockburn’s.

ENOTURISMO NO PORTO – DICA 2

Falando em prova, o Porto é uma cidade pequenina, mas até bem servida de wine bars. Bato carteirinha no Prova, onde o foco são vinhos com uma pegada moderna servidos a copo, ao som de um bom jazz. Depois tem a Cave do Bon Vivant, numa das ruas mais badaladas da cidade, onde o francês Stan fala alto e partilha sua curadoria pessoal de vinhos também fora do convencional.

ENOTURISMO NO PORTO – DICA 3

Depois das caves de Vinho do Porto e dos wine bars, não há nada tão incontornável quanto os museus dedicados à bebida. Só em Gaia temos o Museu-Enoteca 17.56, criado para contar como se deu a demarcação da primeira região regulamentada para a produção de vinhos no mundo (o Douro), a Casa Museu Adriano Ramos Pinto, que narra a vida dessa personalidade importante na história local, e o WOW – World of Wine. Este é um tema à parte: um complexo cultural, criado pela Fladgate Partnership (grande grupo produtor de Vinho do Porto), que reúne 7 museus, 12 restaurantes e cafés, uma escola de vinho, além de eventos gratuitos e exposições temporárias. Os museus transcendem o universo do vinho: entre eles há um sobre rolhas, outro sobre copos e um terceiro sobre chocolate. Do lado de cá do rio há o Museu do Vinho do Porto, que versa sobre a correlação da bebida com as políticas de governança da cidade.

ENOTURISMO NO PORTO – DICA 4

Algo que eu curto muito no Porto é a despretensão contida num convite pra tomar um copo de vinho (“taça”, em Portugal, é outra coisa, tipo um bowl ou uma tigela, esteja avisada/o). Se uma migue dos vinhos me convida, eu sei que vamos ao Prova ou ao Stan, mas se é qualquer outra pessoa, já sei que vamos sentar na calçada, comer amendoim e pedir uma das duas opções de vinho a copo – que não vão ser nada de especial e vão vir servidas numa dessas taças bem xumbrega. Essa naturalidade no consumo do vinho, que se parece um pouco com a informalidade dos nossos botecos de cerveja, pra mim é parte integral do charme do Porto. Ah, e não estranhe se te cobrarem €1,50 pela taça. Não raro sai mais barato que água engarrafada. 🙂

ENOTURISMO NO PORTO – DICA 5

A cozinha da minha casa.

ENOTURISMO NO PORTO – DICA 6

Pra quem quer (e pode$$) levar a experiência em torno do vinho pra cama, há dois hotéis vínicos em Gaia, The Lodge e The Yeatman. Eles oferecem sessões de degustação com comentários do/a produtor/a e outras experiências nada extravagantes, como um banho num barril ou uma massagem esfoliante com pele de Cabernet Sauvignon e levedura morna.

ENOTURISMO NO PORTO – DICA 7

Casa do Vinho Verde. Por essa você não esperava. Eu sei que é um contrassenso, eu sei que contraria a lógica, eu sei que mentiram pra você esse tempo todo, mas o Porto está confortavelmente acomodado no limbo entre as fronteiras da Região Demarcada do Vinho Verde, da Bairrada e do Oceano Atlântico. E desde os anos 1940 é sede da Comissão Regional Vitivinícola dos Vinhos Verdes, onde trabalha o pessoal que supervisiona a produção dessa região. Por isso, vai sim explorar a relação que o Porto tem com os VV e fica atento/a às programações que acontecem nesse palacete deslumbrante com vistas pro Douro.

ENOTURISMO NO PORTO – DICA 8

Eu sou suspeita pra falar, mas o Porto é um charme. A UNESCO concorda, tanto é que fez do centro histórico patrimônio cultural da humanidade. Pra qualquer lado que se ande, brota um cantinho onde dá vontade de sentar. Pra parar, pra olhar, pra respirar. Recomendo que faça exatamente isso, que guarde um fim de tarde (se não vier no inverno) pra sentar com uma garrafa e petisquinhos à beira-rio, à beira-mar, num jardim, numa praça. Assim, bem singelo e despretensioso.

Assinatura Lana Ruff Vinhos Única

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