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Mas o vinho no Brasil é muito caro…

Quem não justificou o baixo consumo ou a razão para não trabalhar com seu produto em loja ou restaurante com essa frase?

Ouço muitos apreciadores e também profissionais criticando as altas margens dos produtos e muitas vezes encarando os importadores como algozes num mercado indefeso e juvenil. Eu confesso que em algumas oportunidades achei preços um tanto exagerados – ainda mais quando vemos, numa mudança de importação – os mesmos reduzirem drasticamente.

Mas esse não é um fator a se generalizar e muito menos a justificar cegamente os passos lentos com os quais o mercado evolui.

 

O preço na origem

Tirei férias (essa é a notícia) e fiz questão de conferir, na Itália, os preços dos produtos que conhecia e sabia quanto custavam aqui. Nos produtos de média gama, o valor final, com custos de importação e impostos, ficavam muito próximos do que os que vemos aqui. Em um dos exemplos o vinho X, que aqui custa R$169,00 no site da importadora, lá sairia cerca de R$20,00 a menos que no Brasil.

A moeda

 

É importante lembrar que a conversão cambial implica diretamente no preço do produto e isso escapa a qualquer tipo de artifício que o importador possa ter e que “impede o mercado de crescer”. O fato de pagarmos 5x o valor da origem aproximadamente já nos tira a capacidade de avaliar sob os mesmos pesos e medidas o preço do produto. A desvalorização da moeda deixa os vinhos mais caros e ponto.

 

A tributação

 

Os tributos encarecem? Sim, encarecem muito o preço final. O problema não é do importador ou do consumidor, é do sistema tributário. O sistema tributário é criado e aprovado por políticos que elegemos. Então sim, é nosso problema também.

 

Vejo algumas movimentações no sentido de pleitos de reforma tributária sobre os vinhos, mas sem sucesso. Enquanto isso, eu garanto: o caminho certamente não são as importações ilegais, mas sim uma organização mais inteligente que possa efetivamente gerar frutos.

 

O poder de compra

 

A ideia de que lá fora é mais barato é absolutamente equivocada. Exceto pelos impostos, os demais fatores continuam a existir. Ninguém fica rico porque está gastando em euro. Pelo contrário…

 

Nosso poder de compra inclusive se achata num país onde a moeda vale 5x mais.

 

O que as pessoas mostram nas redes sociais

 

Eu decidi escrever sobre isso porque, ao falar sobre os vinhos que provei nessa viagem, muitos se surpreenderam ao ver que não eram caríssimos, mas sim acessíveis e muito prazerosos. A ideia de que o luxo precisa ser exposto, de que precisamos ostentar rótulos caros e famosos, cria uma verdadeira bolha de consumo com resultados irreais.

 

É muito diferente falar em uma viagem com subsídios próprios do que quando se está a trabalho ou estudos e se vislumbram possibilidades mil de degustar vinhos preciosos a convite. Não se tem que fingir costume. Somos limitados financeiramente consumindo lá ou aqui, o “problema” só muda de foco.

 

Eu trabalho com vinhos, tenho ótimas oportunidades de conhecer muitos rótulos. Mas eu pago os meus vinhos e nesse “lugar de fala”, não cabe me iludir ou iludir alguém fingindo que a Europa se torna o mundo encantado.

 

Razoabilidade

 

Acho que essa é a palavra. Muito se diz, muito se ostenta. Pouco se faz para mudar ou para fazer pensar. E o mercado permanece estagnado, mas cheio de brilhos efêmeros e com garrafas excelentes (a preços justos) paradas nas prateleiras.

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