Será que o vinho está fora de moda? Aqui não.
Segundo a publicação Courrier International na França, o vinho está em declínio. O setor lamenta que os jovens hoje optem por outras bebidas – incluindo não alcóolicas – ao vinho.
Os dados se confirmam com o mais recente relatório divulgado pela OIV, que mostra um declínio considerável de consumo em muitos países e que tem um impacto considerável pela redução do consumo dessa parcela da população.
Mas há um “culpado” em especial para que isso ocorra?
De fato, o consumo de vinho é menor entre os jovens com menos de 35 anos, que preferem água ou cerveja para acompanhar o jantar. Isso equivale a abandonar a cultura histórica do consumo de vinho na França. E sabe o que apontam os especialistas ouvidos na matéria?
“Os veteranos da enologia francesa estão falhando no seu dever patriótico ao mostrarem-se incapazes de transmitir o seu amor por uma boa safra à próxima geração”.
Muitos dizem que a França, com seu rigor e formalismo, está transformando o vinho em algo “chato demais” para as novas gerações, que se sentem mal confortáveis buscando outras alternativas.
Já por aqui vemos um movimento distinto. Vários dados de importadores e comerciantes mostram uma crescente busca de jovens pelo vinho em detrimento à outras bebidas alcóolicas.
A cultura do “beber menos e com mais qualidade” atingiu mais cedo as novas gerações. Não é incomum encontrar em turmas de estudantes na faixa de 20 e poucos anos muitos que provam e consomem vinhos mas não dão a mesma chance aos destilados.
Isso sem dúvida é reflexo de muito do que pesquisas como as da Wine Inteligence mostravam no período da pandemia: estamos entre os consumidores mais curiosos e a diversidade de produtos importa. Não adianta cobrar fidelidade, o ideal é demonstrar sempre algo novo.
Outro fator relevante para que no Brasil o movimento seja inverso ao francês é a aposta na comunicação versátil e aliada a um bom storytelling sobre o produto, especialmente porque claramente os jovens consumidores preferem marcas que tenham algo relevante além do preço e qualidade.
E não podemos deixar de lembrar do impacto das redes sociais no consumo no Brasil. Um vinho bem trabalhado em redes sociais, por influenciadores, por profissionais ou pela própria marca recebe holofotes inimagináveis de um público sedento por novidades.
Aliás, o que ocorre na França é um bom gancho para os produtores de nosso país também refletirem sobre o futuro e como “engessar” demais a imagem ou a comunicação pode ser temeroso.
Nem tudo são rosas em nosso setor, mas por vezes nosso dinamismo é crucial para virar o jogo ou manter-se no campeonato.