Keli Bergamo Vinho Natural Sem Sexismo

Vinhos Naturais sem sexismo. Um primeiro passo para nosso setor?

Em 2020, na França, cerca de 50 viticultores conseguiram junto ao governo a validação de normas inerentes aos vinhos naturais. A associação chamada União para a Defesa do Vinho Natural inovou ao delimitar, pela primeira vez, condutas para a elaboração de vinhos naturais, um conceito amplo e usado de forma indiscriminada pelo mundo.

O conceito sempre esteve muito ligado às pessoas que participam do processo, desde a agricultura até o transporte, e à utilização de meios menos agressivos como um todo. Mas essa associação que estabeleceu a regulamentação do termo Vin Méthode Nature cresceu, hoje conta com cerca de 250 associados e segue trabalhando para ampliar as regras.

Menos sulfitos, menos abusos

Entre elas está uma muito interessante: a partir do próximo ano começa a valer uma política de boa conduta em termos de violência sexista e sexual. A primeira no mundo do vinho. “A questão da benevolência para com os vivos, nos vinhos naturais, não diz respeito apenas aos vinhos, mas também aos próprios vivos”, explica Elodie Louchez, membro do conselho de administração da associação.

A organização, que se torna pioneira nesta área (e se inspirou nas cartas de boa conduta de discotecas e bares), passa a exigir aos seus membros o cumprimento absoluto destas regras, com o mesmo rigor que exige o baixo índice de sulfitos nos vinhos.

Essa iniciativa pode se refletir em outros setores, em outros países, ou assim esperamos. O aumento de mulheres no ramo das bebidas cresce proporcionalmente ao número de assédios e desrespeitos em termos emocionais, físicos e financeiros. Por isso, “manuais de conduta” como esses parecem “chover no molhado”, mas fazem levantar discussões sobre o papel feminino no mundo dos vinhos, sua representatividade e muito mais.

Há poucas mulheres em cargos “políticos” no mundo do vinho. Há poucas mulheres que conseguem fazer valer sua voz, que têm lugares à mesa. Esses dias comentei com alunos que ainda vemos pessoas – inclusive professores – descrevendo vinhos como femininos. Fico tentando entender como isso ainda é possível…

What the hell é um vinho feminino?

Percebo que não estou sozinha. Aliás, me deparei com uma frase de Françoise Ollier, nova presidente da associação de viticultoras Vinifilles, da região francesa de Languedoc Roussillon. Ollier também é co-proprietária do influente Domaine Ollier-Taillefer em Faugères e foi ex-diretora do Faugères Cru no Languedoc. Sua declaração:

“Ouvir um vinho leve, frutado e flexível descrito como ‘feminino’ ainda me faz gritar (de rir!)”. 

Vale lembrar que a tentativa de minimizar condutas sexistas não pode ser um instrumento de marketing. Deve ser real.

Fontes: Liberation e The Buyer

Assinatura Keli Bergamo Vinhos Única

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