Vinho em taça: por que o Brasil ainda resiste?
É muito comum, ao nos sentarmos em bares e restaurantes pela Europa e Estados Unidos, termos fartas opções de vinho em taça disponíveis. Essa, que já era uma prática comum pré pandemia, tem crescido ainda mais neste período de retomada mundo afora.
O que se observa: enquanto alguns restaurantes continuam oferecendo doses de 250mL, a maioria propõe 150 ou 180mL. Isso gera uma boa possibilidade de rentabilidade – considerando que essa oferta parte do uso de dispositivos de conservação adequados como Coravin ou Enomatic, por exemplo.
Outro fator curioso, que também destoa muito do que se vê pelo Brasil, é o perfil dos vinhos ofertados. Em taça é possível a qualquer consumidor bem disposto provar os ícones, provar os diferentes e se aventurar em harmonizações sonhadas ou improváveis.
Nos Estados Unidos estima-se que entre um terço e dois terços do total de vinhos vendidos seja #bytheglass. Em redes e restaurantes ditos mais populares, os mais econômicos estão em maior número, enquanto nas casas mais especializadas os grandes rótulos são maioria.
O que falta para o #bytheglass decolar?
Sem dúvida a tecnologia é um fator essencial para o crescimento da oferta de vinhos em taça. Seja com o expositor ou com o Coravin, inclusive para espumantes, o estabelecimento consegue manter os vinhos em perfeito estado por mais tempo, oferecendo qualidade aos seus clientes com dinamismo e bons preços. Investir em equipamentos assim para vinhos simples não faz sentido, mas ampliar a oferta, incluindo rótulos desejáveis, certamente trará retorno ao investimento realizado.
No Brasil ainda vemos uma resistência a esses investimentos, com algumas exceções. A primeira razão é que há um conservadorismo de alguns, ou até falta de conhecimento, sobre a preservação dos vinhos com a utilização desses sistemas. A segunda é porque o vinho em taça, para a maioria das pessoas, está associado a quem não está preocupado com o que está bebendo, e não a um momento para grandes vinhos.
Antes tarde do que nunca, vale pensar nas vantagens da venda dos vinhos em taça:
– atrair consumidores curiosos e ávidos por novas experiências,
– viabilizar giro de estoque,
– ampliar consumo em categorias diferentes, de espumantes a fortificados,
– tornar-se referência em venda de grandes vinhos.
Wine kegs?
Outra alternativa são os vinhos envasados em barris. Nos Estados Unidos, onde o barril é muito comum em bares e restaurantes mais descontraídos, alguns fabricantes relatam um aumento de até 55% na categoria neste período pós Covid.
No Brasil a prática não é novidade. Há projetos desde 2016 (escrevi sobre isso à época), quando a EBV lançou kegs com resistência à pressão levando espumantes de método charmat de qualidade às taças. Esta tecnologia exige espaço para refrigeração e instalação, algo que as choperias são capazes de providenciar com facilidade.
Já diz o ditado: “Não dá para fazer sempre o mesmo e esperar resultados diferentes”. Então tá esperando o quê para começar a pensar na sua carta de vinhos em taça e ampliar seu mercado?