Indicação de procedência e denominação de origem no Brasil

A importância das Indicações de Procedência para os Vinhos do Brasil

Duas novas IPs (Indicações de Procedência) e uma DO (Denominação de Origem) para os vinhos brasileiros foram reconhecidas nos últimos meses. E qual é o impacto disso efetivamente para o setor dos vinhos nacionais?

Com esses reconhecimentos, o Brasil passa a ter mais indicações geográficas específicas para o vinho, sendo a maioria para vinhos finos, mas com alguma valorização do laço cultural dos imigrantes com a bebida e das áreas de vinhos elaborados com uvas híbridas e de mesa. Enquanto a IP é abrangente, atestando características geológicas, fisiográficas e humanas, a DO vai além e prova ainda qualidade, estilo, categorias etc.

Há exatos 20 anos o Brasil iniciou os reconhecimentos do setor com a IP do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul. Essa mesma região conquistou, em 2012, uma Denominação de Origem (DO). Foi também a primeira DO brasileira por muito tempo, já que só essa semana, dia 29 de Novembro para ser mais precisa, a Denominação de Origem Altos de Pinto Bandeira foi aprovada e se tornou a primeira DO do Hemisfério Sul exclusiva para vinhos espumantes.

D.O. Altos de Pinot Bandeira

Mas qual a importância desses “selos” para nossos vinhos?

Para essa resposta, é importante relembrar o nosso posicionamento como produtor de vinhos em uma escala global. É comum, ao viajar ou participar de eventos com profissionais de outros países, eu notar que muitos desconhecem nossa produção. Isso é um problema para expansão de mercados, compreensão de estilos e também credibilização dos produtos. Mais comum ainda é o desconhecimento sobre quão grandes e diversos são os terroirs e as possibilidades de produção por aqui.

Neste ponto é importantíssimo o papel do reconhecimento das Indicações de Procedência. Para um país relativamente novo e sem grandes tradições no mundo do vinho, a existência da noção de origem e organização soam muito bem. E isso se aplica internamente também. Funciona como um valorizador da cultura do vinho em determinada região e isso é um ponto importantíssimo para que se estabeleça uma zona produtora respeitada.

 

O mundo em uma via contrária…

 

Ao passo que vemos as delimitações e reconhecimentos serem de suma importância para o Brasil, no exterior vemos um movimento inverso, onde produtores abrem mão de pertencerem ou estarem sujeitos a regras delimitadoras de produção com o fim de dar foco distinto a seus vinhos. São realidades diferentes. Um tradicional produtor, em uma zona já com reconhecimento por sua identidade, tem forças suficientes para o voo solo, pautado em seu próprio reconhecimento.

Não são poucos os produtores renomados de Cava e Saint-Émilion, por exemplo, que optaram por “não pertencer mais ao clube” ou por projetos que caminhassem por vias distintas das de seus vizinhos. Mas para nossos produtores, é inegável que a organização e reconhecimento dessas IPs gera uma força coletiva, um movimento de todos por um que permite uma voz uníssona em torno do propósito de ver o vinho brasileiro mais forte e com maior identidade.

 

Mas muita calma nessa hora….

 

Vale lembrar que Indicação de Procedência não significa que os vinhos ganharam um patamar de qualidade. Ganharam foi um respaldo de sua identidade. Mas disso a gente pode falar mais adiante….

 

Até a próxima!

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